Entrevista exclusiva Emi Sousa
Recentemente conversamos com a pastora e líder de louvor Emi Sousa, da fhop music, para uma conversa profunda sobre liderança, adoração e constância no ministério. Falamos sobre sua trajetória desde a base missionária até a liderança pastoral, os bastidores do crescimento da FHOP Music, e os desafios (e aprendizados) de liderar artistas e manter o coração ancorado em Deus mesmo em tempos de visibilidade.
Emi também compartilhou sobre o valor da teologia cantada, a importância da igreja local e como permanecer fiel ao chamado — mesmo quando ninguém está vendo.
Como foi sua jornada ministerial antes da FHOP?
Cresci em um lar cristão. Meu pai era cantor em uma dupla chamada Mensageiros da Última Hora, muito conhecida no meio pentecostal. Mas ele se desviou e enfrentou problemas com bebida. Meus pais se separaram e fomos para a Inglaterra, onde minha mãe sustentava a família sozinha. Foi lá que, aos 15 anos, tive um encontro com Deus numa reunião de oração. Isso mudou minha vida. Me envolvi com uma igreja que estava despertando os jovens para oração. Aos 18 anos, me tornei missionária em tempo integral numa casa de oração em Londres, onde comecei a cantar as Escrituras, mesmo sem saber cantar.
Fiz muitas aulas e me apaixonei por esse chamado. Depois fui para os EUA estudar música e teologia no IHOP. Lá, eu e o Vini, meu marido, fomos convidados a vir ao Brasil para ajudar a plantar a FHOP.
Como foi assumir a liderança da FHOP Church?
Viemos como missionários, sem intenção de liderar. Fazíamos de tudo: tradução, limpeza, discipulado, louvor. Após cinco anos, os fundadores voltaram para os EUA e nos confiaram a liderança. Foi um choque. Nunca aspiramos ser os “número um”. Mas entendemos que era Deus nos chamando. Foi um período muito intenso, inclusive perdi parte da visão por estresse. Mas Deus nos sustentou e nos ensinou muito. A igreja já estava estabelecida, com cerca de 400 pessoas, e a música começava a tomar forma. Assumimos com muito temor e responsabilidade.
Como você enxerga a relação entre pastor sênior e líder de louvor?
Quando assumimos a igreja, só me envolvia com música. Mas Deus me levou a entender que o líder de louvor precisa ter uma visão pastoral e ampla da igreja. Na pandemia, tive um momento com Deus onde Ele me perguntou, como fez com Pedro: “Você me ama?” E me chamou a apascentar os irmãos. Entendi que cantar ao Senhor precisa desaguar na edificação da igreja. O líder de louvor deve transitar pelos cinco ministérios e caminhar perto do presbitério. Na nossa igreja, quem pastoreia o louvor faz parte do presbitério. Isso traz governo e visão ampla. O líder de louvor precisa entender o que Deus está fazendo na igreja como um todo, não apenas na música.
Qual é a importância do cântico espontâneo na FHOP?
Nossa missão é instruir uma geração por meio da teologia cantada. Os cânticos espontâneos devem carregar verdades bíblicas, como os cânticos de Moisés, Maria, Ana. No culto, o foco é cultuar a Deus, as canções precisam apontar para Ele. E o cântico espontâneo não é só para o líder de louvor—é para toda a igreja. Os salmos nos convidam a cantar um cântico novo. Mas para isso, precisamos conhecer a Bíblia, senão cantamos apenas nossas emoções.
Como você lidera um time de artistas criativos?
É desafiador. São pessoas talentosas e com opiniões fortes, mas o discipulado e o pastoreio são essenciais. Investimos em pessoas antes de investir em visão. Na FHOP Music, o valor é que a mensagem é mais importante que o mensageiro. Somos um coletivo, não centrado em uma pessoa. Isso exige muitas conversas, cafés, correções de coração. Mas vale a pena. O artista tem um ego grande, e precisamos cuidar disso constantemente. Trabalhamos valores bíblicos e temos visto frutos disso. A unidade vem do pastoreio e da visão compartilhada.
Como vocês têm percebido o mover de Deus através das músicas da FHOP?
Ficamos muito felizes e surpresos. Músicas como Tu És, Boa Parte, Meia-Noite estão entre as mais cantadas no Brasil. Mas sabemos que é graça de Deus. Não é sobre genialidade musical—é sobre a mensagem que toca o coração. Vemos isso como um “turno” que Deus nos deu. Não será para sempre, e estamos orando para sermos responsáveis nesse tempo.
“Queremos cantar e falar com diligência, sabendo que é Deus quem levanta e quem esconde. A música Tu És, por exemplo, é simples, mas tocou o coração das pessoas. Isso é o sopro de Deus.”
Que conselho você daria para líderes de louvor?
Deus te vê e te ouve. Não pare de cantar. No dia bom ou ruim, lembre-se que Ele é digno. Viva para a audiência de Um. Permaneça firme. A constância é uma das maiores virtudes. Olhe para pessoas como Nívea, Adhemar de Campos, que permanecem firmes. Eu quero ser essa pessoa. Que daqui a 10 anos, alguém olhe para mim e diga: “A Emi é alguém que permanece.”